JATeixeira
segunda-feira, 22 de dezembro de 2014
A Phoenix e a Morte de Eros
“As pessoas se esforçam tanto para iniciar um relacionamento e tão
pouco para evitar que acabe ”.
Marina Abramović
A separação não significa necessariamente a morte do amor,se
é que esse de fato tenha existido.Alguns contratempos podem se encarregar de
romper os liames invisíveis que ligam os
amantes, mas a permanência desse amor em ambos, transcende qualquer ato de
interpretação racional que possamos dar.
Ulay e Marina Abramovic é um desses casos que pode caracterizar tal atitude que
levaram muito para unir e tão pouco para romper.E houve rompimento de fato? Esse
pouco,não leva a mensuração de tempo e sim de conduta,de desapego fortuito e
vulgar:infidelidade
O que será o que se lamenta perder em tais desencontros? Não
unicamente a matéria que se disputa,o corpo que envelhece ou bruma que se
desfaz.A perda maior, muitas vezes, fica por conta do fracasso que nos assume,a
dor que nos consome, dos gemidos que abafamos e dos lamentos que não se
extinguem.É o non sense do não ser,do não permanecer.A falsa sensação de
estabilidade que Eros conferia, nos
remete a maior das perdas:A descrença no outro,o abandono da fé que nos nutre,o
desespero da dor de não poder mais acreditar .A alma lança um grito surdo que
explode em uma lágrima fria ,contida que nos rola pela face,com um gosto amargo
de rever algo que escapou, não porque não desejássemos manter, mas simplesmente
as cordas que fazem vibrar o diapasão universal da harmonia se distenderam ao
ponto de não suportar mais a sua própria expansão.
A fuga de Anteros faz com Eros se desencante,se desconcerte.Onde um é tão necessário quanto o outro,pois são como faces e complementos de si mesmos,dualidade imprescindível que se complementa e fortalece
<
Por que houve comoção nesse minuto que se viram? Notadamente
ou de forma mais expressiva da parte dela?Será?
Porque houve um silêncio nas palavras durante tanto tempo,na
ausência de contato dos corpos, mas não da alma,essa sempre esteve viva e uma
mera lacuna preenchia essa espaço faltante.As emoções falam muito mais alto e
explode ,quando se reencontra ,indicando que de fato nunca foram...
Sempre estiveram um com outro, embora silentes nesses espaços que os separavam,embora todo esse
vazio os mantivessem afastados, alheios e distantes, nunca estiveram de fato sepultos sobre os
escombros do esquecimento.
Por baixo das cinzas, sempre existe eternamente o fogo da
fênix que portamos e que momentos assim quando soprados os despertam e os fazem desfilar como se nada
de fato tivessem rompido o sacro laço
que prometia unir ad eternum um ao outro.
JATeixeira
Post Scriptum:
Marina e Ulay
Marina
Abramović, nasceu em (Belgrado, Sérvia, a 30 de novembro de 1946). É uma
artista performativa que iniciou sua carreira no início dos anos 70 e
manteve-se em atividade desde então. Considera-se a “avó da arte da
performance". Seu trabalho explora as relações entre o artista e a
plateia, os limites do corpo e as possibilidades da mente.O tema principal em
suas obras gira em torno da relação entre corpo, espaço e sociedade.Ulay-Frank
Uwe Laysiepen,nasceu em 30 de nov
de 1943 em Solingen, Alemanha De 1976 a 1989, trabalhou em
conjunto com Marina Abramovic . As performances deste período são alguns dos
mais conhecidos trabalhos da dupla. Em 1988, Ulay e Abramovic decidiram fazer
uma viagem espiritual para acabar com seu relacionamento. Cada um deles atravessou
a Muralha da China , a partir das duas
extremidades opostas e se encontram no meio,antes do adeus. Em 2010 a Abramovic em uma
restrospectiva no Museu de arte moderna NY- MOMA, o duo reuniram brevemente
quando Ulay fez uma aparição surpresa na noite de abertura e sentou-se na outra
ponta da mesa quando Abramovic estava realizando 'The
Artist Is Present ", uma peça concebida originalmente em meados dos anos
1980, quando os dois artistas se sentava em silêncio em frente um do outro por
um período indeterminado de tempo. Vejam o vídeo
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