terça-feira, 30 de novembro de 2010

A Fábula e a Verdade



A verdade, nua,saiu um dia do seu esconderijo
Seus apelos não eram ouvidos:jovens e velhos fugiram da sua presença.
A pobre verdade morria de frio,sem encontrar um abrigo,onde pudesse viver
Todos eles podiam ver unicamente a fábula,
ricamente vestida adornada de plumas e diamentes,
falsas, mas brilhantes.

Olá,diz a Fábula, Eis-me aqui!
-Bom dia, disse a verdade
O que estás fazendo aqui sozinha por esse caminho?
A Verdade responde: Veja,por si, estou congelando;
Tenho pedido em vão ,ninguém presta atenção ou me dá abrigo!,
Infelizmente, pareço assustá-los !
Parece que os velhos nada merecem.Vejo que eles não recebem nada.
A fábula diz sem vaidade:No entanto, tu és mais nova,
Eu ao contrário,em todo lugar sou muito bem recebida.
Mas,por que a senhora verdade tem que se mostrar toda nua???
Isso não está certo: Olhe, vamos resolver;
pelo interesse comum que nos une,disse a fábula,
fique sob o meu casaco, vamos caminhar juntas.

Junto aos sábios, por tua causa eu não serei rejeitada.
E por minha causa, junto aos tolos você não serás maltratada.
Servindo deste modo, cada um ao seu próprio gosto,
Graças à tua razão e à minha despretensiosidade,
Tu verás, minha irmã, que por todos ,nós passaremos de mãos dadas.
La fable et la vérité.

La vérité, toute nue,
sortit un jour de son puits.
Ses attraits par le temps étoient un peu détruits ;
jeune et vieux fuyoient à sa vue.
La pauvre vérité restoit là morfondue,(tédio)
sans trouver un asyle où pouvoir habiter.
à ses yeux vient se présenter
la fable, richement vêtue,
portant plumes et diamants,
la plupart faux, mais très brillants.
Eh ! Vous voilà ! Bon jour, dit-elle :
que faites-vous ici seule sur un chemin ?
La vérité répond : vous le voyez, je gele ;
aux passants je demande en vain
de me donner une retraite,
je leur fais peur à tous : hélas ! Je le vois bien,
vieille femme n' obtient plus rien.
Vous êtes pourtant ma cadette,
dit la fable, et, sans vanité,
par-tout je suis fort bien reçue :
mais aussi, dame vérité,
pourquoi vous montrer toute nue ?
Cela n' est pas adroit : tenez, arrangeons-nous ;
qu' un même intérêt nous rassemble :
venez sous mon manteau, nous marcherons ensemble.
Chez le sage, à cause de vous,
je ne serai point rebutée ;
à cause de moi, chez les fous
vous ne serez point maltraitée :
servant, par ce moyen, chacun selon son goût,
grace à votre raison, et grace à ma folie,
vous verrez, ma soeur, que par-tout
nous passerons de compagnie.

Jean Pierre Claris de Florian

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