segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Menino Malino
Encontramos hoje um blog lusitano “Malinoso” e isso nos despertou algo:Que seria esse Malinoso? Seria um menino malino e teimoso?
Estamos a quase 4.500 km de onde passamos a nossa infância até os oito anos de idade, e malino era a alcunha mais ouvida:-Que menino malino !
E, de fato, às vezes éramos e ocasionalmente estávamos muito malino.Hoje mudaram o nome malino para hiperativo e já não podem castigar o menino malino, quando esse faz as suas malinices.Esses modismos, beiram a sandice.Até acrescentaram a malinice mais uma: TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade.Atenção, ? Déficit de atenção??? Isso é o que não faltava, quando chegávamos era alvo de todas as atenções. À nossa época, nós malinávamos em tudo e se era pego, a dona “maricota” –relho de couro cru-,era empregado sem nenhuma parcimônia ou preocupação com traumas e sequelas psicológicas,até acho que essa malinice,quem sabe,não tenha sido curada,em parte, por conta disso.
Tio Manoel
O nosso tio,Manoel, tinha muitas armas e quando nossa tia ou primas viam que íamos para lá,diziam em coro:Lá vem aquele malino,esconde essa armas,esconde bem,porque ele vai malinar em tudo e qualquer dia desses vai fazer uma “arte”,queriam dizer desastre.Ele começa sua malinação quando chega e só termina quando vai embora .
Uma das coisas que mais me encantava ir lá,além das armas, paixão incondicional que persiste,era a velha caixa de música.Era algo de misterioso e sublime o que aquele cilindro que provocava naquelas lamelas metálicas, semelhantes aos pentes que a velhas usavam pra procurar piolhos,essas lamelas emitia sons angelicais e tanquilizadores.Por momentos nos quedava silente e hipnotizado por aquela música, parecia transportado para os saraus antigos e elegantes onde víamos toda a finesse de um licor “strega” num atmosfera de café, em pequenas xícaras numa mesa polida e adornada com toalhas de rendas alsaciana imaculadamente brancas,mesclado ao tabaco que inebriava e dava uma atmosfera de “belle epoque” ao ambiente.Esse transe só era quebrada quando a tia o desligava o aparelho e nós voltávamos a nossa realidade de malinação, sem trégua nem descanso.A tia dizia esse menino não se aquieta,ele começa a malinar na sala no velho cilindro de música e termina no viveiro de pássaros,adora implicar com as araras.Ele pega o velho bacamarte que era do avô e aponta para as araras... Ó Mein Gott ! Ach du liebe Zeit!
O nosso avô tinha um velho bacarmate que usava pedra de pederneira para provocar a ignição da pólvora ,às vezes era preciso dar duas três engatilhadas para inflamar o rastilho .O tio guardava aquela relíquia com displicência... num quarto de hóspedes,talvez porque ele tivesse tantas armas.Nos lembramos de velho springfield e um winchester 44.Acreditamos que vem daí a nossa paixão por armas.A malinice hoje,penso que está curada,ou sobre efeito de controle temporário, por conta da idade.Já não podemos nos esconder atrás desse bordão de menino malino,agora irão dizer:”esse velho caduco!”
Uma ocasião o tio fazia a manutenção de uma lampião ”Aladim”.Tirou ,com bastante cuidado,a manga longa e afunilada do lampião e a colocou do lado para consertá-lo, e como ele já sabia da minha malinice,achamos até que seja por conta da mesma genética ,cremos que ele não adivinhava mas,quem sabe ele se via ali refletido e sabia dos passos que daríamos e se antecipava a eles, como num tango de movimento ensaiados e engasgados,e ele ainda com a “manga” na mão gritou alto e forte que ainda hoje reverbera...:Não põe a mão!...As nossas mãos estavam apenas a alguns centímetros de pegar na “camisa”(loxon mantle)do lampião ,que teria virado pó, se o fizéssemos. Quando nova essa Loxon Mantle , pode ser manuseada a vontade, porém uma vez que ela esteve incandescente ,não pode ser mais tocado,sob pena de virar pó.
JATeixeira - Reminiscências
Estamos a quase 4.500 km de onde passamos a nossa infância até os oito anos de idade, e malino era a alcunha mais ouvida:-Que menino malino !
E, de fato, às vezes éramos e ocasionalmente estávamos muito malino.Hoje mudaram o nome malino para hiperativo e já não podem castigar o menino malino, quando esse faz as suas malinices.Esses modismos, beiram a sandice.Até acrescentaram a malinice mais uma: TDAH - Transtorno de Déficit de Atenção e hiperatividade.Atenção, ? Déficit de atenção??? Isso é o que não faltava, quando chegávamos era alvo de todas as atenções. À nossa época, nós malinávamos em tudo e se era pego, a dona “maricota” –relho de couro cru-,era empregado sem nenhuma parcimônia ou preocupação com traumas e sequelas psicológicas,até acho que essa malinice,quem sabe,não tenha sido curada,em parte, por conta disso.
Tio Manoel
O nosso tio,Manoel, tinha muitas armas e quando nossa tia ou primas viam que íamos para lá,diziam em coro:Lá vem aquele malino,esconde essa armas,esconde bem,porque ele vai malinar em tudo e qualquer dia desses vai fazer uma “arte”,queriam dizer desastre.Ele começa sua malinação quando chega e só termina quando vai embora .
Uma das coisas que mais me encantava ir lá,além das armas, paixão incondicional que persiste,era a velha caixa de música.Era algo de misterioso e sublime o que aquele cilindro que provocava naquelas lamelas metálicas, semelhantes aos pentes que a velhas usavam pra procurar piolhos,essas lamelas emitia sons angelicais e tanquilizadores.Por momentos nos quedava silente e hipnotizado por aquela música, parecia transportado para os saraus antigos e elegantes onde víamos toda a finesse de um licor “strega” num atmosfera de café, em pequenas xícaras numa mesa polida e adornada com toalhas de rendas alsaciana imaculadamente brancas,mesclado ao tabaco que inebriava e dava uma atmosfera de “belle epoque” ao ambiente.Esse transe só era quebrada quando a tia o desligava o aparelho e nós voltávamos a nossa realidade de malinação, sem trégua nem descanso.A tia dizia esse menino não se aquieta,ele começa a malinar na sala no velho cilindro de música e termina no viveiro de pássaros,adora implicar com as araras.Ele pega o velho bacamarte que era do avô e aponta para as araras... Ó Mein Gott ! Ach du liebe Zeit!
O nosso avô tinha um velho bacarmate que usava pedra de pederneira para provocar a ignição da pólvora ,às vezes era preciso dar duas três engatilhadas para inflamar o rastilho .O tio guardava aquela relíquia com displicência... num quarto de hóspedes,talvez porque ele tivesse tantas armas.Nos lembramos de velho springfield e um winchester 44.Acreditamos que vem daí a nossa paixão por armas.A malinice hoje,penso que está curada,ou sobre efeito de controle temporário, por conta da idade.Já não podemos nos esconder atrás desse bordão de menino malino,agora irão dizer:”esse velho caduco!”
Uma ocasião o tio fazia a manutenção de uma lampião ”Aladim”.Tirou ,com bastante cuidado,a manga longa e afunilada do lampião e a colocou do lado para consertá-lo, e como ele já sabia da minha malinice,achamos até que seja por conta da mesma genética ,cremos que ele não adivinhava mas,quem sabe ele se via ali refletido e sabia dos passos que daríamos e se antecipava a eles, como num tango de movimento ensaiados e engasgados,e ele ainda com a “manga” na mão gritou alto e forte que ainda hoje reverbera...:Não põe a mão!...As nossas mãos estavam apenas a alguns centímetros de pegar na “camisa”(loxon mantle)do lampião ,que teria virado pó, se o fizéssemos. Quando nova essa Loxon Mantle , pode ser manuseada a vontade, porém uma vez que ela esteve incandescente ,não pode ser mais tocado,sob pena de virar pó.
JATeixeira - Reminiscências
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