quinta-feira, 1 de novembro de 2012
Hoc habeo, quodcumque dedi
Hoc habeo, quodcumque dedi.”Eu tenho aquilo que dei!” Essa frase, embora atribuida a Sêneca, ela é citada por ele como do poeta romano Rabírio, que nos diz da guerra civil entre Otaviano e Marco Antônio.E ele,Marco Antônio ,próximo da morte teria nobremente exclamado:” Hoc habeo, quodcumque dedi” Não possuo ,senão aquilo que dei!”
Seneca, De beneficiis 6. 3,diz:”Me parece que Marco Antônio,vendo que suas posses passavam pra outros e que ele não ficava com nada,senão o direito de morrer,exclama admiravelmente,em uma obra do poeta Rabírio:” “Hoc habeo, quodcumque dedi.”
Tal afirmação soa como um paradoxo:Se eu dei, como poderia tê-lo???Isso seria uma das muitas facetas "dell’ anima".”Quem tem amor ,dá amor!”O amor não fenece,ele não diminui,pelo contrário,ele é multiplicado.Pois só se dá aquilo que se têm,mas a doação espiritual ,contrariando o paradoxo,não é diminuído o amor que se doa,pelo contrário,ao permanecer com quem teve altruístico gesto , ele continua presente.Diz o mestre Kun-fu-tse que aquele que tem uma laranja e doa essa laranja,fica sem ela.Mas se se tem uma idéia e compartilha essa idéia,cada um dos contatados ficam com duas idéias.Porisso para quebrar o paradoxo de “ter aquilo que deu” é preferível dizer: estamos naquilo que doamos. Pois parte de nós mesmos,das nossas energias,desejos benfazejos ou não, acompanham e se transmutam em nossos gestos de dar,repartir.Sejam, meramente ,nas ações físicas,num ato comum de regalar alguma coisa material ,sejam nos nossos desejos mais profundos ou nas nossas idéias que se disseminam .
Cada um desses portam um pouco dessa matriz original. Porisso,acreditamos,ser preferível complementar a afirmação de :”-Estamos naquilo que doamos” com a afirmação:” perdidi quod servavi.: perdemos o que guardamos,pois o guardado foi desperdiçado de resultar em algo útil,proveitoso.Assim em sua antítese,numa clara referência ao compartilhamento a não perder a oportunidade de ser útil e que ao invés de perder em numa divisão,teremos um resultado claro,em uma multiplicação .
A propósito disso ,existe uma história que nos conta assim:”Um homem certo dia,recebe no dia do seu aniversário uma bandeja com cornos enormes .E embora embaraçado ,agradece e joga os cornos fora guarda a bandeja .No dia aniversário do desafeto que lhe enviou tal presente,ele devolve a bandeja com uma grande buquet de flores:frescas e perfumadas e lhe acrescenta um cartão, onde se lia:”Cada um,de nós, só poderá dar aquilo que tem ! Tu tens cornos, dás cornos. Eu tenho flores, dou flores!”
JATeixeira
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