terça-feira, 7 de junho de 2016

A Gralha e as Nulidades



A glória é transitória e mais notadamente aquela indevida...



Gloria eius stercus et vermis est; hodie extollitur, et cras non invenietur



Gralha, todos a conhecemos, é aquela ave de canto horrendo,mas que de fato não canta, ela apenas emite um grasnado rouco e desagradável ,um mero ruído desafinado e incômodo que não cativa muito apreciadores .A frequência dessa emissão sonora ,e que poderia ser um canto,  fere  ouvidos cautos.

Pois bem, podemos comparar as distorções  da musica e harmonia atual que permeia o rádio,a TV e as escolhas equivocadas dessa orfandade de talentos a um bando de gralhas que grasnam ao invés de cantar,emitem sons dissonantes ou ruídos de acordes repetitivos e ensurdecedoras que ferem os tímpanos e agride o bom senso;som abjeto e objeto de repulsa, só tolerado pela ausência de oportunidades aos verdadeiros talentos que teimam em continuar  existindo embora esquecidos ou preteridos,pois as escolhas param  diante dessa trupe vulgar e acéfala, seguidos por legiões de  cópias amorfas.




Aqui, o talento é suplantado e esquecido e enquanto essas bestas ruidosas,que quanto mais vociferam e ruídos fazem, mais arregimentam seguidores e geram dividendos para engordar os seus financistas,ávidos por lucros, não importa a que preço,acabam presos na própria teia que criaram.Eles enterram ou desprezam os verdadeiros talentos,por serem sabedores de que aqueles que pensam, são difíceis de serem manipulados ou enganados,por isso eles dão todas as oportunidades àqueles que não as merecem; nesses não sentem  concorrência ou medo, eles sabem que essas bestas se satisfazem com uma mera “bolsa”,migalhas que as cativam e as tornam cegas e subservientes.Enquanto os raros talentos não se curvam a essa soberba ou sorvem dessa taça amarga do amanhã ,ou ávidas se inebriam com o sobejo que esses doam com desdém e escoam do esgoto dessa licenciosidade comprometida .Em suas defesas existem a adoção imoral de leis que protegem o vazio de seus talentos ,onde só muletas sem escrúpulos ,ancoradas numa lei parasita, lhes impedem de ruir.Esses não acreditam que mesmo pequena, a chama do verdadeiro talento brilha na escuridão e dela se desprende,se destaca,enquanto eles ,as próprias trevas  se igualam e se consomem em si mesma num ato vulgar de uma promiscuidade assistida e que resulta num parto microcéfalo e autofágico.
E dessa forma são a causa e o efeito do seu próprio fracasso,sucesso meteórico da véspera, ruído abafado, como bombinha de salão, no dia seguinte que se segue ao sucesso,que abafa e consome o seu próprio estertor

Mas,voltando as gralhas,elas têm um hábito: enterrar as sementes ,os pinhões,para guardar somente para si, por puro egoísmo,mas mesmo assim elas são de alguma utilidade e nos presta algum serviço,pois  como se acredita que ao enterrar as sementes da pinha, para comer depois, essa acaba germinado e favorece o crescimento de  uma nova árvore:o pinheiro ou a Aracauria angustifólia.Mas,a dona gralha não faz isso porque é boazinha,não é por ser amiga do homem que  ela enterra essas  sementes e dessa forma procura refazer a floresta da abundância,antes da sanha madeireira tê-la devastado.Não,ela faz isso por puro egoísmo,para que as outras galhas não se alimentem dessas sementes,elas as quer só para si.Por isso elas enterra:
-“Já que não posso comer todos,eu as escondo,pois não gosto de concorrência  das outras gralhas,elas não as merecem.Se eu deixasse os pinhões que não posso comer para as outras,se elas se alimentarem também, elas vão crescer e haverá mais disputa,menos sobrará para mim,se assim eu agisse eu estaria alimentando um concorrente para a minha comida,alimentando um inimigo.”

Da mesma forma, e na contra-mão da razão, esses que alimentam e afagam as gralhas humanas, aos que constroem a passarela do seu lucro fácil, sucesso que não passa de pavimento para um picadeiro de circo,que quando cessam as palmas,cai a lona vem o esquecimento nessa cadeia milenar que tem sepultado os homens de pouca virtude.Pois ninguém faz mais mal do que a si próprio,é como diz o poeta”-o beijo é véspera do escarro...”Quantos são descartados dessa glória transitória...,por ser indevida,então :Gloria eius stercus et vermis est.




Que nos perdoem as gralhas se tal comparação tem peso de um insulto,pois as infelicita...

JATeixeira

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