quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Primeira Experiência Culinária
Morávamos em Porto Alegre,na casa do estudante da União Gaúcha de Estudantes Secundaristas(UGES),quando estudávamos para o vestibular.A mulher do “Gavião” cozinhava para os que moravam ali.A maioria entrou em férias de verão e foram pra suas casas,praia(??) e nós tínhamos que permanecermos ali,devíamos estudar para o “vestiba”
Quente ,muito quente era aquele verão e nós nos refrescávamos a cada meia hora, e nos deitávamos molhados para tornar suportável aquelas agruras.Um verão sem aquelas chuvas torrenciais de fim de tarde,só aquele calor, sem nenhum vento que nos permitíssemos respirar melhor ,a única coisa que respirávamos era o perfume da companhia de celulose de Guaíba:Aquele ar poluído da Borregard,hoje Riocel.Mudou de nome ,mas continua irrespirável.Vez por outra comprávamos um caqui ou provocávamos os vendedores ,em suas charretes,que gritavam anunciando os seu produtos nós repetíamos,com entendíamos o anúncio:-“Caquia,caquia cacô”Eles ficam tão bravos e de lá nos ameaçavam ...
Encontrávamos,ali, somente em pouco mais de uma dúzia:Alguns nem mais estudavam,mais ainda moravam ali, por complacência da diretoria.O “Mancha”e o “Alegrete”trabalhavam em um jornal.O Renato,irmão do “Mancha” era um eterno "vagal" e repetente,nem sabemos o que fazia.Tinha um “Melano” que cuidava do jornal,que aquela época já “Offset” impressão primorososa.Tinha também o “Dois mil e Hum - 2001” era do interior do Rio Grande,não lembramos a cidade,parece que Lagoa vermelha.O que lembramos ,é ele trocando de roupa algumas dezenas de vezes por dia.Vestia uma,ia na frente do espelho ,não gostava e a tirava.Colocava outra e repetia o mesmo gestual.Porisso tinha o nome de 2001 nesse eterno complexo de “Armani”.Ah! quase ia me esquecendo do “índio” de Nonoai,não lembramos mais o nome dele,parece que Ivã,não era índio ,era de origem italiana e usava o sabonete “original”,na fragrância “Cravo” e tinha outra característica:usava um pequena prótese de acrílico,com os quatro incisivos que vulgarmente,denominam de “Perereca”,Era uma coisa feia,tão vulgar e mal feita ,que mesmo sem ter nenhum conhecimento da área ,já percebíamos o seu uso.
Estavam de passagem por ali ,também, dois fluminenses.A lembrança que ficou deles em dois detalhes:o primeiro é que eles pitavam muito,não era baseado,não,era cigarro comum,e os colocava de pé sob a cama,parecia um cemitério com suas dezenas de lápides brancas ,em mãos póstumas, postas orando.Dezenas de “chepas de cigarro,apagadas e inertes conservadas de pé,imóveis e imorredouras,somente vivas nas nossas lembranças.Era curioso ver aquele cemitério em baixo das suas camas.Em segundo lugar, eles eram gente finíssima:educados cordiais e oportunistas.Se aproveitavam de tudo.Sempre saímos pra aula e nunca percebíamos nada ,um dia não teve aula e voltamos mais cedo.Ele usavam nossas toalhas,sabonetes e comiam os nossos biscoitos ,etc,etc.Por último tinha o meu amigo Boff lá de Maquiné,estudava no colégio Ernesto Dorneles.Tinha alguns disco dos famosos da época:Creedence,Beatles,etc.Muitas vezes submetia-se a uma jejum para sobrar “cache” e comprar um disco novo.
A mulher do “Gavião” entrou em férias de verão e foram pra praia e nós ali,como iríamos fazer as nossas refeições ? Nós dissemos que era moleza e resolvemos nos aventurar pelo mundo da culinária.Observamos que ela usava óleo para fritar o arroz,antes de colocar a água.Um pequeno detalhe:não sabíamos a quantidade.devíamos fazer essa comida no final de semana,pois durante a semana comíamos no RU da UFRGS
Bem ,compramos uma lata de óleo,ovos e arroz e resolvemos fazer o nosso primeiro prato.Pegamos a panela ,colocamos meia lata de óleo para uma xícara de arroz,como fossemos fritar os ovos,pois não tínhamos idéia da quantidade.E o arroz imerso no óleo e aquele óleo não secava...Derramamos uma parte do óleo fora e colocamos água.Mein Gott !Que coisa horrível! Mas como dizem:o melhor tempero é a fome.Nos refestelamos ...Qualquer jornada ,sempre começa com um primeiro passo.E aquele foi o nosso primeiríssimo...Passamos o observar que nos pacotes de arroz que tinha a receita de como preparar :1 colher de óleo, para uma de arroz e duas xícaras de água.O resto foi fácil,não tão fácil como apregoa nem tão difícil com insinuam...
Hoje, tão distante daquela primeira experiência,mantemos acesa a a eterna chama da curiosidade em ser um eterno aprendiz.Desde a programação em clipper,como mero teste, vamos de desafio em desafio ultrapassando os limites dos que dizem que tal questão se restringe aos técnicos,aos iniciados,a esse ou aquele.Uma vez que entendemos as nuances das sombras das incógnitas e vemos o que tem por trás,nem que seja por meras frestas, nos damos por satisfeitos.Entendemos todas as questões como aprendiz ....Não nos esforçamos para fazer pratos maravilhosos ou descobrir os não criados.Ficamos felizes em saber que não existe nada que seja intransponível.E se a nossa jornada implica ,que iremos num fusca enquanto os “mestres” vão de ferrari,pode ser que demoremos mais a chegar,mas quando chegarmos ao destino a porta ainda estará aberta...
Passamos a nos sentir como aquela pedra na mão do artífice. Que encontrou lugar na construção da vida,da sua própria vida.E sendo assim jamais terá ido inútil .
JATeixeira
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