quarta-feira, 22 de abril de 2009

Sonhos




Na verdade, a grande verdade dos sonhos
é que até as lágrimas que vertemos,
se cristalizam e se eternizam
 nas nossas retinas,
 ali permanecendo, ad infinitum,
incólume a ferrugem do tempo.

Os nossos grande sonhos e desejos,
 às vezes proibidos,
 permanecem para sempre ignotos
 e trancafiados do mundo,
 mantendo-se apenas
 nas profundezas abissais
 do nosso coração,
 em dimensões que correm em paralela
 àquela que complementa
e completa a história que não finda.

Podem nos tirar quase tudo,
menos a nossa alma, o nosso âmago.
Ninguém nos pode tirar:
 as nossas lembranças silentes e adormecidas
 a quem tudo se confia,
a própria vida em uma taça.
Por isso não há quem desfaça
 o que destino marcou...

Perdi os livros que mais gostava,
 os emprestei...
As canções mais doces e ternas que me embalaram,
não sei onde as deixei.
A cachaça guardada em coco ,
 de sabor tão doce ,
não sei onde as enterrei.
As fotos escondidas nos livros ,
que trazia sempre comigo,
por castigo as perdi

A minha amiga mais querida,
um inimigo a levou.
A figueira, sob a qual ficamos tantas vezes,
o tempo a secou
A alamanda amarela , que levavas no cabelo,
a muito murchou

E valeu a pena? Não morremos de pena ,
Apenas de dor ,
consumido como vela que extingue,
ao clarear do dia
Mas à sua luz, juras foram feitas...
Nesses encontros marcados
e guardados à sombra do tempo
Cristalizados e retidos
eternamente nas nossas lembranças.


Portanto não vou matar a minha saudade
 vou revivê-la , em toda a sua plenitude,
cada vez que ali volto...
JATeixeira

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