terça-feira, 29 de setembro de 2009

O homem que fala Javanês e...




"Há duas pessoas que jamais estarão satisfeitas:a que procura o conhecimento e a que procura o dinheiro"
  Lima Barreto escreveu um livro: "o homem que falava Javanês... que trata de tal tema...
A revista Veja publicou uma reportagem sobre um libanês, naturalizado ,que mora no Rio de Janeiro e fala alguns idiomas ..., Ziad Fazah fala 58 línguas.
Malbathan tem um conto sobre um Tesouro enterrado na  Montanha o HarbaTol que  fala da importância do conhecimento e aprendizado onde a curiosidade leva um modesto alfaiate a tornar-se num importante erudito e ascender na vida ,graças a esse aprendizado e erudição.

O Professor aposentado Carlos Amaral Freire, 78(2009), novo recorde mundial de aprendizado de línguas-ultrapassou as 120. O recorde anterior era do cardeal italiano Giuseppe Mezzofanti (1774-1849), do século 19, a quem era atribuído o feito de poder traduzir 114 línguas.
Carlos Amaral Freire é  de Don Pedrito, fronteiriço ao Uruguai, mas ele é aquele cidadão universal e sua universalidade é tanta que ele estudou mais de 120 idiomas ;30 dos quais  ele fala dom fluência .Ele estuda,sistematicamente, dois idiomas por ano e publicou recentemente a Babel dos Idiomas,livros que traduz para o português poemas de  60 idiomas:do sânscrito ao mandarin . Ele foi escolhido pela Universidade de Cambridge como um dos dois mil eruditos do século XXI. A honraria entregue em 2001, via correio, o diploma "2000 outstanding Scholars of the 21st Century in honor and outstanding in the Field of Linguistis and Education" (Dois mil notáveis intelectuais do século 21 em honra e notabilidade no campo da Lingüística e Educação). Sobre tal honraria ,talvez unicamente através da internet tenha sido divulgado,mas a grande imprensa parece ignorar ou não ter interesse em tal assunto.Afinal erudição não é o que revela o apetite bestial da mídia,que parece mais interessada no apetite de Ronaldo,o(gordo) fenômeno .
Há mais de 40 anos ele se dedica a estudar idiomas.Estudou nos Estados Unidos,Espanha,Itália,China,Tchecoslováquia,Iugoslávia e URSS.Tornou-se tradutor juramentado de 12 idiomas

Ele mora num sítio no Morro das Pedras, Florianópolis,homem simples e arredio a notoriedade e glamour que poderia revesti-lo ,dado a sua erudição .
Nos anos 90, ele surpreendeu um jornalista da Macedônia- Iugoslávia) dando uma entrevista no idioma desse, apenas 30 dias após ter iniciado seus estudos nessa língua .
A sua paixão por línguas começou muito cedo, ainda ginasiano, por influência de um tio espanhol que  tinha uma biblioteca com vasta literatura em espanhol e italiano e isso atiça a sua curiosidade de querer ler no original e usufruir na sua plenitude, da diversidade cultural  ali presente,ele afirma que :”o domínio do idioma estrangeiro nos fornece,talvez,a ferramenta mais eficiente para analise , compreensão e aceitação do diferente”
Ele se dedica, rotineiramente,a estudar 4 horas por dia estudando um idioma novo,frequentado novos cursos ou de maneira autodidata

Aimara e Quetchua
Em 1984 ele publicou um estudo "Quetchua e Aimara: Dos estúdios contrastivos"  pela Universidade de Sucre (Bolívia) em parceria com a embaixada do Brasil naquele país.
Sobre o Aimara ,língua falado pelo nativos da Bolívia, ele afirma que é uma língua próxima  da língua Turquia e da Geórgia, do grupo ural-altaico. Isso quer dizer que os índios da Bolívia são certamente descendentes do mesmo povo que originou a Turquia e a Geórgia,a língua vem do mesmo tronco lingüístico, isto é, na antiguidade houve alguma migração de gente da Ásia que chegou à América.
 Uma curiosidade interessante sobre essa linguagem do altiplano é a visão lógica trivalente: certo-errado-verossímil,  onde a ambigüidade ou o terceiro não incluído tem valor de verdade. Vemos, portanto, que o aimara tem um futuro positivo, um futuro negativo e um futuro de dúvida simétrica. Diferente da lógica de construção dos nossos idiomas que são dicotômicos ,onde :verdadeiro/falso,certo/errado, sim/não, temos dificuldades de entender ou aceitar essa concepção trivalente.Na entrevista dele não existe comentários sobre a lingua turca ou da georgia relativo a esse particular. Outra particularidade é sobre o basco ,que segundo ele não tem parentesco com nenhuma outra língua.Por estudos anteriores sabíamos do seu parentesco com o finlandês.
Nós que falamos línguas indo-européias estamos imbuídos da concepção aristotélica, dicotômica, de verdadeiro X falso, certo X errado, sim X não, e temos certa dificuldade em aceitar ou compreender a concepção.

O Lingüista Carlos Freire estuda atualmente: Lapão e Tamasheq. O Lapão é a língua dos povos nômandes da Lapônia,  norte da Finlândia. "Ele diz:Esta é a última língua européia que ainda não estudei",O Tamasheq é o idioma dos povos berberes, nômades do deserto do Saara.a
Sobre  a importância dão idiomas ele acredita na pluralidade do pensamento e se manifesta assim:“Teoricamente, a comunicação entre os homens seria facilitada se houvesse apenas umas poucas línguas, porém é igualmente certo que isso acarretaria um enorme empobrecimento do espírito. As línguas são aspectos fundamentais, únicos e irrepetíveis da experiência humana. E, aliás, a característica maior de nossa espécie. Cada língua que desaparece – principalmente sem deixar vestígios, sem ter sido estudada e documentada – significa a extinção de uma espécie.”

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