sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Da Contestação



A Filosofia da Contestação


Aqueles que a pretexto de apagar o fogo, sopra sobre este.Ao invés de extingui-lo,inflama-o.
Nós acreditamos que o grande problema da filosofia dos que se opõe a alguma coisa, que difere dos seus princípios,de alguma idéia boa ou má ,não importa muito,mas principalmente as boas,pois o mal sempre se camufla,se mascara de bem quando quer atingir os seus objetivos,então a essência dessa filosofia reside na divulgação da boa fé que os alimenta e dos bons propósitos que os nutre,pois enquanto o bem repete os ardis que o mal usa, na vã tentativa de advertir dos perigos desse, passa, ao contrário a difundi-lo ,ao invés de execrá-lo.Assim esses, embora bem intencionados, erram  em repetir o discurso que  quer repelir,pensando talvez,quem sabe dali extrair  das causas e efeitos o indício dos contrários ou como desmascará-los,pois talvez acreditem que dissecando o problema e expondo as suas vísceras iremos descobrir a causa e o meio de combatê-lo.Ledo engano,  não é o fato de sabermos de que se trata da escuridão e a reproduzirmos nos seus traumas e seqüelas que vamos exauri-la,antes a fortalecemos com o seu método.Nós cremos, que  no momento que repetimos o que condenamos,estamos dando voz a  idéia que queremos combater,passamos a ser um apoio desejável aos malefícios que condenamos e que nos afrontam.Acreditamos que devemos difundir unicamente a LUZ,as trevas, por si só, já tentam nos obscurecer,não é preciso que nós a ajudemos nos seu trabalho de contraposição dessa  LUZ que perseguimos e que  orienta a nossa caminhada.

É como se diz :quem fala do mal,mais mal atrai.Pois:-“ quem mal pensa ,mal diz,quem mal diz,mal faz e quem mal faz, mal fim espere.”
Tínhamos um político famoso, ou ainda anda por aí,que ao ser entrevistado ou questionado sobre determinado assunto ,ele respondia com algo completamente adverso,se o jornalista lhe indagava das cheias e caos das enchentes, ele dizia que as obra do malha viária estava escondo e trazendo dividendos ao país,quando o jornalista retomava a palavra e refazia a pergunta,ele saia sempre com alguma evasiva,ele sempre se fortalecia tergiversando sobre os fatos questionados e questionáveis.
Pode parecer óbvio que muitas das nossas idéias se fortaleçam e ganhem corpo exatamente quando refutamos,pois aprendemos,como numa jogo  quais os próximos movimentos,mas cremos que nem todos podem trilhar nas sombras sem serem corrompidos;antes preferimos pensar que uma minoria ascende ,mesmo em detrimento dos que tentam impedi-los e que a grande maioria é influenciável e seguirá de maneira inglória a falsa generosidade que o mal mascara e ilude nessas benesses.Não é experimentando alguma droga,nem especulando ou citando os mais diverso tipos de malefícios ,pela mesma razão ,que encontraremos os meios de combatê-la ou  por saber do mal que ela causa.Por que devemos nos expor ao perigo de ser corrompido,traumatizado crendo que ser incólume,ou difundir os efeitos,sabendo ser deletérios de algo que condenamos?Não podemos nos arriscar a experimentar algo simplesmente para testar ou nos testar.Não correr o risco de  usar ou discorrer sobre um infortúnio por  sentir inexpugnável.Antes é preciso ter a cautela e  prudência para se afastar do horror,para não permear memórias às insanidades ou desperdiçar tempo inutilmente.
Os gregos encenaram e discorreram sobre muitas tragédias, e antes de falar da perversão na tentativa de combatê-la, elas foram e serão ainda difundidas e imitadas pelos incautos e traiçoeiros:víboras que rastejam  e se alimenta da ingenuidade e da bondade dos tolos.
Não é exibindo o caminho para a mesa de jogatina que combatermos o vício do jogo,não é apontando para os ébrios  que nos desviamos dos bares.
A bíblia tem em muitas de suas páginas história permissivas e repudiáveis,quem sabe querendo alertar dos perigos,mas muitas vezes ao invés de cumprir esse papel em reprimir como um  mal exemplo,ele  é exacerbado pela obviedade da prática corrompida ,que se entendemos que condena,a outrem pode servir de estimulo e difusão,ou seja em Davi e Betsabá,ou na embriaguez de Jó.Qualquer ato  de boa fé em vez de alertar,pode servir de estímulo e escola,onde poderia ser melhor a omissão do que  o proselitismo do mal exemplo seguido.A insanidade da metodologia cruel e doentia do tribunal do santo oficio,ainda hoje é copiada como uma doutrina na prática da tortura.

É preciso fugir sempre,se distanciar do “EGO” coletivo.Pois esse  é amorfo ,ele não tem “alma” nenhuma,ele é e não é ele mesmo,a turba é uma corrente de tendências sem nexo,sem forma, nem direção, é um senso verdadeiramente desconexo e paradoxal que causa, o que causa, simplesmente por causar,cujo principal propósito é não ter propósito algum,cuja a direção é não ter inicio nem fim,é semear o caos ,que aqui está simplesmente pra confundir.É preciso que sejamos vistos e que assumamos a nossa posição na vida como um indivíduo e não como parte de uma turba,mesmo que se afine e se identifique com alguém,ou com alguma idéia ali  presente,precisamos manter a nossa singularidade,pois antes da existência  do grupo existimos nós como individualidades,e é essa que comanda as nossas escolhas,é ela que nos confere a singularidade que somos.Quando passamos a nos alimentar ou ser retroalimentado de uma alma grupal perdendo essa singularidade,nos descaracterizamos como indivíduos nos alienamos e perdemos essa característica que nos torna únicos.

A beleza de tudo se resume exatamente em pensar diferente,pois somos diferente e nessas diferenças que se alinham na mesma direção se estabelece a essência e base da vida,e parte do propósito da existência,e a esses nos associamos na construção de um projeto  maior.Na sociedade que estamos inseridos,nos costumes,mas sem jamais abdicar ,nem que por alguns momentos de sermos nós mesmos.
Nós temos a nossa luz própria que é a nossa identidade e ela se revela de muitas formas,mesmo que seja por vezes nem sempre muito apreciáveis,mas  representa a nós mesmo,a nossa essência e não podemos abdicar de nós mesmo ,pois se assim o fizermos cairemos num vazio insondável e talvez do qual não poderemos jamais sair,se abrirmos mão da nossa caminhada desses passos, muitas vezes, desajeitados nos perderemos ou não poderemos voltar jamais ao caminho escolhido por nós mesmo.Muitos estão perdidos e alienados,não unicamente de forma política, estes estão idiotizados por conta de se esquecerem de quem são,de terem esquecidos de si mesmos, da sua individualidade,que como um adolescente que ainda não tem uma personalidade formada e assimila um modelo que elege, até se completar sua maturação e se tornar no que escolheu,e ser o que o resultou de toda a maturação do seu processo formativo.
Muitas vezes as deformações estão nos entulhos psiquiátricos, perturbações nem sempre  remediáveis  e que mantidas presas ao ciclo interminável e dependente de medicamentos e de analises que não revela nada,se não a própria extroversão do analista, que enxerga também de forma deformada ou sob uma perspectiva derivada de uma formação acadêmica ,modelo que também busca informações fora de uma realidade que não compreende e que não vê as entrelinha da própria perda da individualidade,dissociada do momento ou na escolha de uma realidade alternativa.

Qualquer discurso que façamos ou nos debruçamos sobre as coisas inúteis,tentando entendê-las ou dali extrair algum proveito,como a rosa que extrai do esterco o que lhe é útil,achamos um desperdício,pois assim estaríamos fazendo uma  mera apologia ao descarte final do esterco ou o que antecede a ele: a notória flatulência, que só é percebida quando se manifesta,Ou poderíamos nos indagar:oque resta do esterco,de cujo que já se extraiu a utilidade?Massa:pouco ou quase nada.Então do esterco em si mesmo,resta muitos componentes que podem contribuir para a produção das flores,agrícola,etc.Mas do descarte ,só aquela massa informe e sem mais nenhuma aproveitamento que se revele.Portanto falar do caos,pode gerar um caos ainda maior;o caos pode, no final gerar uma nova ordem ou o cosmos,mas simplesmente discorrer sobre ele,não leva a nada.Falar sobre a flatulência,que é o produto da fermentação do esterco, não resulta em nada a não ser poluir e causar repulsa e odor ruim,e isso não é pensamento orewliano do duplo pensamento que confunde  e sim a constatação do óbvio.Paramos a muito tempo de acreditar, ler ou tentar analisar e procurar algum vestígio de sanidade ou quem sabe até mesmo utilidade nesse tipo de paradoxo televisivo ou livresco.Desistimos,pois somos levados a crer que não comentando a coisa,ela por si só se extingue,pelo menos para nós mesmos,é como dizem: aqueles que cospem pra cima,acabam cuspindo no próprio rosto.Acho que é como se deveria proceder,pois se muitas vezes se diz que não vale uma lágrima,também acreditamos que não merece uma gota a mais de tinta,ou até que essa gota seria um desperdício.Ou ainda estaríamos preste a escrever uma ode a inutilidade. E se fossemos escrever uma elegia  as coisas inúteis ou que desprezamos, já estaríamos escolhendo e lhes conferindo um valor que não merecem.
O esterco pode até ser bem aproveitado,mas creio que não vale a  pena tentar extrair alguma coisa da flatulência.
O grande paradoxo está em que quando se compartilha qualquer tipo de pensamento ou ação que contrairia os nossos princípios, é que passamos a nos associar a idéia que tentamos combater,e ao invés disso estamos nos associando a sua difusão e não ao seu combate.

Torna-se imperioso não divulgar aquilo que não gostamos .O único modo de combater a escuridão a trazendo mais LUZ e não falando mal das trevas ou querer demonstrar como é ruim no escuro e suprimir a única luz que resta.

JATeixeira

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