quinta-feira, 22 de agosto de 2013
O simbolismo da vida e da Morte
Embora,
na racionalidade humana, a maior das angústias seja a consciência que tem da sua da própria finitude,essa se esvazia no momento que passa a
compreender e aceitar a morte como uma
passagem ou metamorfose entre um fim esperado e um novo nascimento desejado.Onde “torna-se
necessário morrer para poder renascer”.
Não podemos falar da vida,
sem falar da morte :elas estão intimamente ligadas ,de tal forma que é
impossível falar de uma sem falar da outra. É como o deus Janus dos
romanos,unidos por faces opostas,enquanto um olha pro futuro o outro vê o
passado. O rito mortuário procura nos alertar,
sobretudo, para o instante que compreendermos esse ritual de passagem ,não
só aceitaremos mais tacitamente o momento em que estamos, como passamos a dar
mais valor a esse e o que ele representa ,nessa escala da evolução
espiritual.
Não podemos acreditar como poeta que a “Morte
e o ponto final da última cena” Antes,preferimos crer que é uma mera passagem ,entre muitas outras que
já nos aconteceu nas diversas fases de maturação ,dentro dessa nossa vivência:desde
as divisões da célula ovo ao nascimento,infância,meninice, adolescência,maturidade
e velhice.Como poderemos ver em toda a natureza, tal expediente fantástico de
vida que finda e recomeça:Sendo a vida um eterno recomeço,ou a morte um eterno
reviver.Vejam os grãos que vão pra terra,dando origem a uma nova planta:morrem
como semente e brotam como planta, cumprindo o seu ciclo evolutivo eterno.Assim
também a borboleta:Ela põe e finda o seu ciclo,”morre”.Do ovo vem a lagarta que
“morre” como lagarta mas renasce como pupa, que “morre” como pupa passando a
viver como nova borboleta.
Na teatralização do ritual
mortuário,existem aqueles que apegam ao invólucro,acreditando que a luz está
lâmpada e não na luminosidade que se irradia e se consome.Alguém já disse que
quando a lâmpada irradia duas vezes mais, ela dura duas vezes menos.Ou que tudo finda,quando a cortina desce,Até
nessa alegoria sabemos que no proscênio a vida se agita e continua. Ocorre, que
muitas vezes alguns se quedam estáticos,paralisados lamentado a cortina
que fechou e não vê que a LUZ que se
irradia da porta da saída, que se abriu.
No ritual de iniciação ou passagem deve existir mais
expectativa com a vida que nasce do que
nos lamentos para com aquela que finda,afinal aquela que se despede nessa é recebida em outra...num ciclo sem
começo nem fim,indissolúvel e por isso eterno:ouroboros
No filme japonês “ A partida “ no ritual mortuário de
preparação do morto,existe uma expressão “Noukan – que é um ritual de acondicionamento de corpos .”Onde o “nokanshi”:
profissional encarregado de lavar e vestir cadáveres,exercita essa
função com o propósito de deixar o morto bonito,limpo para esse
momento e preparando-o para o renascimento,como uma parteira que cuida
de uma recém-nato.
Nos nossos dias , a morte e o”Ritual
da partida” foi substituído por um “cerimonial
da partida”. Pois enquanto ritual
engloba o fundo e a forma,os princípios e passagem ,O
CERIMONIAL não é mais do que um protocolo social, que visa exteriorizar para
sociedade a “finalização” daquele extinto.Contrariando,muitas vezes suas
religiões e crenças que atribuem uma vida após a morte,que essa seria uma mera
“passagem”.E nas despedidas geralmente existe um misto de alegria e
lágrimas,pois sempre resta a esperança do reencontro.
Os "CERIMONIAIS" são protocolos a cargo de casas
mortuárias e muitas vezes de pessoas de pouco trato, simplesmente
“jogam”em um caixão um corpo, que é destinado a se decompor,não pesando sobre
esses nenhum sentimento de perda,nem afetuosidade, nem familiar, nem como um
ser humano,da sua própria espécie que “parte”.Em contrapartida o Ritual de
nascimento,embora também já não tenha os encantos e as expectativas das
surpresas que antes existiam,desde o sexo que esse teria, o ultra-som já
determina.Até o envolvimento familiar,quando os contentamentos e festejos se
estendiam...Também está convertido em um cerimonial... Hoje,até as incertezas
pairam sobre os nascituros,pois embora o ultra-som assegure que a
criança pertence a esse ou aquele sexo,só o futuro dirá...
Diz o poeta que :
-“O carpinteiro que fabrica ”berços” faz também caixões pro
cemitério”
Em alguns lugares as parteiras também fazem seu trabalho
como amortalhadeiras,denominadas de “martenagem dos mortos” elas preparam com
carinho e mãos delicadas a despedida,onde elas dizem que o morto é inviolável:não
se deve feri-lo com gestos rudes, nem ultrajá-lo em suas dignidades quando os
preparam para o renascimento...
No filme vemos a significação de cada passo do ritual: os gesto delicados
presentes na limpeza do corpo, como se
de fato se procedesse a um “o primeiro banho de um novo nascimento”, o
barbear ,a maquiagem sem expor
preservando com dignidade e respeito o falecido
Não deixem de assistir a esse filme e procurem extrair
além das entrelinha do sentido oculto dos ritos mortuários.
Morrer é morrer?? ?
JATeixeira
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