quarta-feira, 26 de junho de 2013

EM NOME DO RIO GRANDE DO SUL






Em toda minha vida jamais achei que fosse escrever um texto com esse
título. Sempre me senti, em primeiro lugar, brasileiro. Jamais frequentei
nenhum tipo de movimento tradicionalista gaúcho e quero dizer, logo no
início, que não penso fazer parte de uma elite entre os demais cidadãos
do país. Nasci e cresci no Rio Grande e tenho Porto Alegre como a cidade
do meu coração. É aqui que vivo e aqui que quero morrer, aqui me formei em
medicina, me casei e tive meus filhos, servi à Força Aérea e me tornei
funcionário público. Hoje chegou a minha vez de escrever um pouco sobre
esse protagonismo do Sul na política nacional. É com essa sensação
desagradável de quem não quer ser porta-voz de coisa alguma, mas não sabe
como evitar o clichê, que inicio esse pequeno artigo.
Para minha vergonha, e para de todos os gaúchos que considero pessoas de
bem, a chegada do PT ao governo federal em 2003 colocou uma série de
conterrâneos nossos em evidência. Ministras histéricas que tem mais
respeito por bandidos do que por policiais, poetas do sêmen derramado,
governadores que recebem as FARC com honras de chefe de estado, colunistas
de jornais de circulação nacional que gastariam muito melhor seu tempo
tentando tocar saxofone, enfim...são vários os gaúchos despontando no
cenário nacional e tomando decisões que vem levando o Brasil a um caminho
sem saída. Governado por uma ex-guerrilheira nascida em Minas Gerais, o
Brasil teve no Rio Grande do Sul o início da carreira política da atual
presidente.
Não me declaro admirador de Getúlio Vargas, Leonel Brizola ou Pedro Simon.
Jamais defenderia João Goulart ou qualquer outro governante gaúcho que
tenha surgido na cena brasileira, mas não vou deixar de dizer, sem meias
palavras – nós nunca estivemos tão mal representados! Despencou o nível dos
nossos homens públicos, calaram-se os nossos pensadores, e vendeu-se a
nossa imprensa! Os chamados “intelectuais” do Rio Grande do Sul celebram
em coro dentro das universidades a apologia do aquecimento global, do
casamento gay, das cotas raciais e da liberação da maconha. No estado que
tem fama de ser o mais “machista” do Brasil os “gayuchos de bombichas” e a
marcha das vadias são recebidos como heróis. Se esses são os nossos
valores, se essa é a nossa virilidade, que vergonha ser gaúcho!
O Rio Grande tem na sua história uma tradição de luta e de oposição que
chegaram inclusive ao conflito armado no século XIX mas hoje,
independente do alinhamento com o governo federal, duvido que exista um
estado mais acovardado em toda nação brasileira. Isto aconteceu porque uma
aberração política nascida em São Paulo foi amamentada com carinho e com
leite do rebanho do Sul. O meu estado, foi na sua tradição de
bipolaridade, a incubadora ideal dessa organização criminosa chamada
Partido dos Trabalhadores. Aqui ela teve espaço para se expressar nas
formas mais radicais possíveis e para fazer o chamado “ajuste de tiro”,
procedimento conhecido daqueles que, atuando na artilharia, precisam
conhecer bem a posição e as capacidades do inimigo. Longe do centro do
país, conhecido pela sua história belicosa, e culturalmente distante do
resto Brasil, nós organizamos o Foro Social Mundial, recebemos terroristas
do resto da América Latina, implantamos políticas radicais de controle
social e adestramos uma imprensa medíocre num plano que, uma vez executado
no Rio de Janeiro ou São Paulo, impediria que a serpente chocasse seu ovo
em paz e o MST se sentisse “em casa”.
De tudo isso sobra uma lição a ser deixada para o resto dessa nação
continental – não esqueçam mais do nosso Rio Grande, não lembrem desse
estado só na hora do churrasco e do Grenal, das suas mulheres bonitas e da
sua geografia, às vezes, europeia. Daqui sai também muita coisa perigosa,
aqui se escreve muita porcaria e se canta com um orgulho ridículo um tempo
de honestidade e coragem que há muito já vai longe.
Tudo isso pode não passar do desabafo de um gaúcho simples e com vergonha
daquilo que viu seu estado fazer com a política, mas vem de alguém que
pretende, talvez uma única vez, escrever de todo coração - em nome do Rio
Grande do Sul.*

 Dr.Milton Pires – é medico em Porto Alegre

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