sábado, 2 de janeiro de 2010

O Rio e o Mar



Ne cherche pas les limites de la mer. Tu les détiens. Elles te sont offertes au même instant que ta vie évaporée. Le sentiment, comme tu sais, est enfant de la matière; il est son regard admirablement nuancé"

Os que temem não avançam...

O rio segue sempre avante, sem recuar,sem retroceder jamais.Embora a terra tente diminuir a sua marcha nos desfiladeiros,nas escarpas,estrangulando a sua passagem...

Ele se contorce,ele avança e segue altivo,sereno sabendo que o seu destino é incorporar-se ao Mar Piedoso e Pleno: berçário perpétuo de vida.Se ele parece trêmulo nos saltos e corredeira, não é de medo.Ele tem pressa em chegar ao seu destino.Ele foi iludido por sereias de luzes ou seduzido por luzes majestosas e brilhantes do Arco-Íris e sugado,abduzido das águas do Grande Mar e precipitado distante para purificar e disseminar os sais purificadores ao longo do trajeto até O Grande Pai;além de ter se derramado em benesses ao longo do caminho, ele carrega as lágrimas e promessas de todos os peregrinos que se banharam em suas águas:tépidas,passageiras...

Só perde a identidade aquele que não a tem.Ele traz impressa nas suas milhares de passagens, de todas precipitações, a marca de todos os lugares onde esteve,a marca de todas as promessas que ajudou cumprir.

As lágrimas derramadas de todas as mães que esperam, em vão,nos cais dos portos.

O renascimento não é vago,ele representa a esperança e traz na sua "matriz" os milhares de sons inaudíveis dos nascimentos e luto negro das derrocadas funestas das perdas e lamentos.

Como tudo ele representa uma dualidade,uma contraposição entre a ordem e o caos entre a luz e as trevas.

É a representação visível do ciclo contínuo da vida.

Quero ser feliz
Nas ondas do mar
Quero esquecer tudo
Quero descansar.

Manuel Bandeira, Estrela da Manhã

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