quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Amor Perfeito.



Porque os amores não duram para sempre, por melhores que tenham sido,quando faziam parte das nossas vidas!? Um dia qualquer e eles fatalmente se dissipam com os novos raios de sol;acabam como as gotículas de orvalho,evaporando-se lentamente diante da realidade de um novo dia ! Às vezes, esses fantasmas nos rodam e nos incomodam por não sabermos porque findaram. Se por casuísmo da vida ou, se às vezes, devido a uma discussão tão tola:meus livros,teus discos,uma fotografia... ou uma palavra áspera, proferida em um momento inoportuno. Às vezes, os nossos amores ou aquelas que seriam nossa “alma gêmea”, redundam num equivoco e a passamos a nos ver como estranhos... e nada do que façamos, altera . Nada do que digamos, muda essa situação, como se fosse uma lei natural da vida: onde as flores fenecem, onde o dia escurece, onde tempo passa e com ele arrasta, inexoralvemente,tudo.As vezes é surpreendente e estranho pensar que aquela a qual estávamos presos por liames invisíveis,por explicações incompreensíveis tenham se ido e nem sequer se despedido;Já não lembramos mais o número do telefone, da rua onde morava ou do seu perfume, deixado nas cobertas,no travesseiro. É assombroso como tudo se processa: ela fazia parte das nossas vidas dos nossos projetos. Conhecia nossos anseios mais íntimos, nossos medos e segredos.E hoje, não passa de vácuo,um vazio. Hoje, ela seria uma estranha qualquer. Quem sabe, nos cruzemos,vez por outra,e nem nos damos conta disso.Numa avenida,numa praça ...sei lá onde, e nem notemos. Se está mais velha, mais magra, alguns cabelos acinzentados ou se nada mudou. Pouco ou nada mais importa. É uma mera sombra irreconhecível, de um passado, que não mais nos assombra. Que não mais nos persegue ou deixa em sobressaltos,quando atendemos uma ligação e ouvimos uma voz diferente.Seria ela? E lembrar quantas vezes o coração disparou... A vida segue por paralelas que as vezes se cruzam,e nessas mesclam-se ,entremeiam-se às nossas veias, capilares,vênulas e arteríolas: sangue veneoso e arterial se confundem e nos deixam cianóticos. Para depois se separarem para sempre, onde fica apenas uma marca que esmaece até sumir. Embora possam permanecer esses traços indeléveis que já não nos magoam ou nos faz a face ruborizar,ou as mãos suarem em pleno inverno. Os sonhos não permaneceram e tão misteriosamente quanto essas paralelas se tocaram ,elas voltaram às suas próprias rotas. As arritmias e sobressaltos das despedidas se foram...pois passamos compreender que a maturidade também é uma lei natural que age sobre todos, indistintamente,até entre os amantes que se foram... levando os sonhos adolescentes das noites de verão, juntamente com as flores perfumadas do “Laranjal” .Hoje, não nos parece que são meramente sonhos desfeitos ,parece mais um processo de amadurecimento que fatalmente todos temos que passar, por ter sido separados por Zeus, no inícios dos tempos, o par perfeito unidos em um só:andrógino
As realidades já não as mesmas... Amanheceu! Mas a maldição permanece: a eterna busca dessa metade separada, desde o início dos tempos,nos move sempre de equívoco em equívoco a procura daquela que nos completa e permanece vivo em nossas memórias atávicas,esse amor-perfeito, desfeito.Então, aceitar que os antigos amores tenham ido, favorece a aceitação do vazio do sonho extinto e lentamente ocupado por outros buscas,outras realidades .Quando isso ocorre,podemos compreender que embora aquele espaço esteja reservado àquela história, nas nossas memórias,outras histórias e outros compartimentos existem a serem explorados .E no momento que aceitamos ou compreendemos que esses amores findaram, amadurecemos. Mas, é impossível remover essa história que pensávamos ser a certa. Essa, como outras tantas, permanece, apenas minimizada em um lugar reservado à todas elas. É parte do castigo ,do desafio aos deuses que nos separaram e nos fazem sofrer nessa eterna e incessante busca...Mas,podemos compreender que inegavelmente todas elas contribuíram para o grau de amadurecimento que temos.Portanto,os deuses não devem ser odiados ou desprezados ou até mesmo o sofrimento dali advindo.Acreditamos que deve permanecer unicamente nesses resíduos de memória que não são apagados, o que restou de melhor ou que nos tornou melhores;assim poderemos lidar com esses fantasmas sem nos assustar ,sem blasfemar, pois aprendemos como lidar com eles e ainda descobrimos, que também as essas que buscamos como as nossas metades separadas ,elas também sofrem,mas amadurecem e continua ad infinito a eterna busca...
JATeixeira

Nenhum comentário: