sexta-feira, 8 de março de 2013

Curanderismo e a Árvore da Vida




A prática do curanderismo está disseminado em todo o mundo,mas parece quanto mais atrasado um povo mais encontramos essas demonstrações de aceitação desse arte milenar.Está disseminado em suas lendas,suas histórias ,seus desenhos está imersa na sua gênese ,é como se a intelectualização impusesse um filtro,freio ou limitação a essa nossa capacidade inata ,a esses instintos primitivos ou atávicos presentes em cada um de nós. E quanto mais nos distanciamos da “fonte” mais nos desvirtuamos ou perdemos essa capacidade primária presente em todos.É como uma lâmpada que vai enfraquecendo a proporção que se afasta da sua matriz.E no fundo, como em toda a atividade humana existe alguma coisa de insólito e inexplicado em todo essas ações  de curanderismo,xamanismo,benzimentos e seus adeptos, entre outros que se oportunizam e exploram esse filão de “fé” (?)num falso curanderismo.

Há quem diga que todos nós temos mais do que cinco sentidos.Os nossos cinco sentidos são apenas os que estão ativos e foram ativados no nosso código genético,com alguns propósitos,  mas os outros sentidos que também existem,estão latentes e mesmo os que não foram ativados,as vezes se manifestam esporadicamente e parcialmente em alguns, que podem parecer aberrações, e até foram em épocas não tão remotas:,queimados com bruxos ,possessos, pactuados com o demônios e por aí vão as tentativas de inibir ou controlar os  sextos,sétimos e muitos outros “poderes”que temos e estão “desabilitados”,onde os “jumps”  foram retirados ou colocados propositadamente do nosso código,na árvore da vida:Premonição,levitação,adivinhação do futuro,poder de cura,entre muitos outros.

A Igreja Romana em suas orações e controle da mente fez questão de incutir um horror a essas capacidades pouco conhecidas da maioria e até em suas orações existem essas “chaves” limitadoras: “-Não desejar mal ao próximo !” Se levitam...têm pacto com o demônio ,precisa ser exorcizado ,é como se tivéssemos a capacidade de à distância fazer acontecer alguma coisa com esse desejo.
Quando éramos criança existia aqueles rituais nos jogos de amarelinha ou pular corda ou qualquer um outro que conscientemente fazíamos esses exercícios e ficávamos mentalizando para que o outro errasse,caísse e outras vezes em coro dizíamos:Azara macacão,na beira do fogão,ele vai errar e vai cair no chão...e repetíamos em voz alta,tantas vezes até que o concorrente errava,caia,perdia...
Tínhamos com vizinha um Sra.Macária,que nos ensinou essa conjuração,que é uma evocação mágica, que age como uma frequência repetitiva,onde os desejos associado ao som emitido, vibra e o objeto de desejo acontece:_” Cai,cai tanajura.Teu pai tá no fogo e tua mãe tá gordura!...”  Elas caiam...eram milhares... E nós juntávamos ,pra ela, aquela quantidade de formigas rainhas que em pleno vôo nupcial caíam  e íam direto para  frigideira, e ela as fritava e comia, bebendo pinga.Depois ria que se deitava ,cantando na chuva.

Na realidade a tal conjuração ou emissão de frequência pode existir e certamente existe,mas as formigas rainhas,naturalmente caíam se enterravam e faziam um novo formigueira.Mas, nós,crianças ficávamos fascinados com a magia do fazer acontecer...

E eles diziam,eles dizem cuidado com o que pensas ou com o que desejas.Vimos  uma cantina lá em Bento Goçalves( chi mal pensa mal dis,chi mal dis mal fà,chi mal fà mal fin aspetta ) assim:-“Quem mal pensa,Mal diz.Quem mal diz,mal faz.Quem mal faz,mal fins espera!” num tentativa desesperada de controlar,essa nossa capacidade adormecida de fazer acontecer, esses sentidos que temos e são pouco explorados:onde para acontecer,é apenas uma questão de exercitar.O sexto sentido ou intuição.Os “dejavu”,numa antecipação do futuro e o nosso terceiro olho atrofiado.Ou como dizia Shakespeare:”Nada em si é bom ou mau; tudo depende daquilo que pensamos."os dos propósitos


Muitos curandores possuem o “embrião” desses sentidos e embora não saibam controlar, eles apelam para a religião para explicar a ação benéfica das suas ações quando “benzem” e  fazem cair verrugas.Eles se apóiam  na religião,usam o nome de Deus  quando exercem essas ações.

Temos conhecimento de alguns casos curiosos .
Uma ocasião conversamos com um Sr.que nos dizia que a sua mulher padecia de “gengivitis” em grau muito acentuado.Sangrava muito.Ele a levou ao dentista que não foi capaz de resolver.Então alguém lhe disse que  tinha uma “benzedeira”  em Pomerode que era muito eficiente,qua não iria falhar.Ele levou a mulher até a Frau benzedeira que lhe disse :-“ ela tem que comer miolo de pão e cuspir dentro de um formigueiro,não tem erro!”E,segundo ele,curou...

Ora,a gengivite já é um caso de má higiene oral e imaginem se a mulher vai comer miolo de pão e vai ficar sem escovar ou fazer uma boa higiene,não há magia ou conjuração que funcione,tais desejos não podem ultrapassar os poderes elementares da matéria..

Em outra ocasião, um outro me dizia que o pós-cirúrgico, nas extrações dentárias, ele fazia entrando dentro do ribeirãozinho que passava atrás da sua casa,ele se apoiava em uma velha goiabeira e punha um pouco de água na boca,uma folha de   goiabeira bem tenra atrás da orelha esquerda e  repetia algumas palavras que a sua “oma” tinha lhe ensinado em plattdeutsch,mas que ele só podia evocar nessas ocasiões e nunca fora delas  e tudo estava resolvido.

"Das Trinken hat der Mensch zuerst gelernt und später erst das essen, drum sol er bis zum Grab das Trinken nicht vergessen!"

... “Ele bebia a água e a cada gole repetia mais ou menos assim:"Inicialmente o homem aprendeu a beber e só mais tarde aprendeu a comer.Portanto antes de morrer, ele não pode esquecer de beber.”
Nada disso faz sentido para parar o sangramento ou a dor de dente mas,para ele o que importava era o ato da conjuração mágica, como as antigas  rituais das tribos  germânicas.
 
E os que indicavam tais exercícios de benzimentos diziam:-“Se assim não resolver,,nem o Liberato cura...”Liberato é um curandor ou benzedor famoso lá de Itajaí,era o limite final.Se Liberato não resolvesse era melhor se despedir dos amigos,parentes,acertar as pendências e  falar com a funerária...
Bem,como diz Shakespeare :” Há mais coisas entre o céu e a terra, do que sonha a nossa vã filosofia".

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