quinta-feira, 19 de março de 2009

Experiências na Cozinha



Existe um sábio conselho, que diz:” O mundo" é muito mais feliz com a descoberta de uma nova receita culinária do que com descoberta de uma nova estrela"

A “Pequena Maravilha”



Um dia desses, lá na unidade de saúde que trabalho, recebemos um regalo de sabor inolvidável ,que a muito se achava adormecido nas nossas lembranças de infância. Vimos ali despertar e desfilar, diante dos nossos olhos, os fantasmas amigos, das ocasiões passadas, que povoam e permanecem nas nossas trilhas solitárias, e que unicamente a nós pertencem, não podendo,jamais, ser compartilhado ou vistos por outros.Não sabemos o porquê, mas de repente alguma coisa os despertam ,e eles nos contam , recontam ,repassam as longas história já contadas, tantas vezes.Talvez seja, para que não percamos o nosso norte ,a nossa essência ;eles ressurgem de um sabor , de um cheiro,de um gesto ,de um rosto já há muito esquecidos ; despertam de repente as nossas reminiscências para que vejamos, mais uma vez, o trajeto, a importância dos nossos passos , da nossa direção,do nosso caminho e sejamos gratos a todos aqueles que ,de alguma forma,estavam juntos na nossa caminhada e nos impulsionaram quando empacávamos ,ou nos ampararam quando caíamos ou,ainda, nos apontaram o caminho quando parecíamos perdidos... Estão ali, parece até que é, para nos dizer: que eles permanecem presentes “vivos e redivivos” ,não unicamente na nossa genética mas também se perpetuam nos nossos gestos ,nos nossos modos,na maneira de ser,conversar,caminhar ,inquirir . Estão de volta, pra dizer que eles sempre estarão presentes, quando precisarmos ou quando menos esperamos, eles entram e vem tomar um cafezinho conosco... Momentos gravados, não unicamente, nas nossas papilas gustativas,acordados por um pequeno bocado de bolo. São também imagens, aos milhares, detidas,retidas,aprisionadas nas nossas retinas,que envelhecem dia à dia, mas ali conservam a virilidade do momento aprisionado num lapso de tempo ; permanecem nas mesmas cores e matizes ,olores e sabores onde as paisagens se entremeiam as fantasias e realidades , confundindo os nossos sentidos. Somos transportados ,enquanto os olhos ficam absortos e a respiração pára à lugares ternos ,aconchegantes e protegidos nas profundezas recônditos das nossas almas, onde,somente,situações como essas, os despertam e eles nos arrastam de forma inexorável de volta no tempo.Talvez tenhamos conosco um elemento catalisador ,que diante de uma lembrança antiga reage e cria um distorção espacial ,ou virtual,permitindo que nos transportemos de volta .Aqui, o Rio Letes é sublimado diante da nossa imperiosa vontade e embora o Hades tenha sido cruzado por esses que cultuamos. O nosso desejo, embora temporário, os trazem de volta e o esquecimento do Letes não interfere nesses contatos. E a interação é tão prodigiosa que todas aquelas vozes inaudíveis e solitárias que nunca se perdem ,uma vez ocorridas:são amplificadas e reverberam nos nossos cérebros. Esse contato nominal e efêmero se processa,egoisticamente para nós ,onde poucos segundos, na cronologia dos mortais, são representados em dias ou em momentos que fogem ao controle de chronos e somente kariós nos favorece em toda a sua plenitude..

Quando éramos crianças ,o Sr JTeixeira(Pai) costumava comprar, grandes latas de margarina cheias dessas” pequenas maravilhas “ que ainda hoje adoçam as minhas memórias.Eram bolos tipo “bolo inglês”,pequenos, mas que mal cabiam nas nossas pequeninas mãos .De um sabor insubstituível e inolvidável que o tempo não apagou ou maculou com suas tantas manchas amarelas que nos desbotam e traem a caminhada percorrida até aqui.

Sempre no mesmo lugar , o carro pára e ele ia até uma casinha simples de adobe, retirada da estrada, e comprava aquelas latas repletas dessas “pequenas maravilhas” cujas lembranças me devolvem aquele lapso de infância eternizado ,com aquele sabor e cheiro inconfundíveis.Não era possível esperar até em casa para começar, aos bocados,me empanturrar com aquelas “pequenas e saborosas maravilhas” ,feitas com tanto esmero pela mão da D.Ló e eternizado nas nossas memórias, enquanto perdurarem.

O Ciclo foi rompido quando uma pequena gota tocou as nossas papilas gustativas: as lembranças acordaram e elas são muito mais poderosas que o próprio poder do anel ... que as mantinha prisioneira

Agradecemos a D.Pierina ter acordado o anel ,ou quebrado ciclo onde vibram aprisionados todas as lembranças e mesmo que tenha sido por um átimo,elas dançaram,festejaram livremente... Esses pequenos instantes são reanimados, os vemos , revivemos e quase os tocamos...

Com profunda gratidão, a agradecemos ter possibilitado o restabelecimento desses momentos, esses vínculos ,de ter acordado uma das nossas mais ternas e doce lembranças ,que furtivamente,faz com que uma lágrima nos role pela face e dizia o refrão antigo: “os olhinhos do menino marejou, quando seu pai viajou...!

JATeixeira

2 comentários:

eliana disse...

agradeço a lembrança da musiquinha com a qual meu pai, falecido há 19 anos, me embalava. e segundo minha mãe contava, eu chorava muito sentiad sepre que ouvia, como e entendesse o significado. isso com apenas 2 anos

Jaques A Teixeira disse...

Eliana,
Obrigado,ficamos comovido que as nossas lembranças tenham te tocado e despertado o mesmo que nos acalentou um dia...
JATeixeira