segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Antônio do Óleo e a Inhapa


Na Aurora da minha vida,o meu pai tinha uma padaria e uma loja de tecidos. Ele tinha um empregado franzino, de estatura bem pequena:não devia ter mais do que 1,50 X 50 kg.E um grande moustache ,sempre cofiava as pontas, lhe dando uma forma apontada, parecendo pavio de vela.Ele,Antonio do Óleo, sempre carregava um grande cesto de vime, até parecia maior do ele, repleto de pão.Pão do tipo francês:quente e cheiroso; e saía a vender de porta em porta.Na estação do trem,na rua,pelo interior do município;e onde fosse chamado.As pessoas que não conhecia e o chamavam-“ -Ô Seu Zé do pão!Ao que ele, meio ofendido,retrucava:
-Não é Zé,dona.Meu nome é Antônio.
E ele repita com todas as letras An-tônnnnio;não é Antonho,como medonho,nem tampouco Antoin,como uma batida de martelo em bigorna de ferreiro ou araponga no mato:- toinggggg.Meu nome é nobre como imperador Romano,dizia cheio de orgulho e inflando o peito repetia alto e sonoro:ANTÔNIO.Até parece que ficava maior, entoando o nome daquele jeito .Parece que crescia uns cinco centímetros mais.Mas, Sr.Antônio do Óleo,tinha a mão mais ligeira que lambari de sanga,e sempre colocava uns pãezinhos a mais,pra sobrar uns trocos, fora do controle do meu pai.Até que um dia, ele foi pego com a mão na massa,ou no excesso.
-Escuta aqui , Do Óleo.Quantos pãezinhos ?
-100,Seu João.
-E a mais,perguntou meu pai ?
Como a mais,Seu João?Tatibetateando.
-Sim,sei que tens uns a mais,mas hoje deste uma exagerada.
Não,Seu João.Só tem 100, pode contar.
-Está bem,já que insistes. Vamos contar.
Seu João,nem precisa contar,eu juro pelos olhos de seu filhinho que só tem 100,nem precisa contar. Nem precisa contar.Pode confiar em mim.
-Do Óleo eu vou contar .E contando deu 120 pãezinhos.
-Pois é,Do Óleo te falei que tinhas exagerado um pouco, hoje.
Seu João,gaguejava ele,eu já disse,eu juro pelo olhos de seu filho que não fui eu quem colocou esses a mais.As vezes coloco uns, de inhapa ,pro meu café,e só.
-Antônio,tu te serves sozinho,quem poderia ter te colocado 20. São VINTE ,Antônio,eu disse:VINTE a mais? E tem mais ,não jures pelos olhos do meu filho,jure pelos teus olhos.
Vá,vender o pão,e da próxima vez não exagere nessa tua “ inhapa”

2 comentários:

Mara disse...

Hahahaha
O "do Óleo" deve ser porque era liso demaaaais!

Jaques A Teixeira disse...

Oi Mara !
O nome do Antônio-do-óleo,deriva do tempo que ele mascateava.Ocorre que esse "vivente",talvez uma daqueles judeus cristianizados, não perdeu o vício de mascatear.Ele vendia no tempo de mascate "óleo-de-cheiro"extratos,pó-de-arroz,rouge,brilhantina,etc.Muitas feiras do interior do Brasil,ainda exibem as suas banquinhas com esses tipos de produtos.Entre as perfumarias,pode ser encontrado também os óleos medicinais,folhas e raizes medicamentosas.
JAT