sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Falcão Peregrino


Nas sombras, escondem-se os desvalidos...
Meio esquecidos e abandonados
Planando qual falcão solitário,
Numa peregrinação sem fim...
Vai...esvoaçando nessas planícies da vida
Em busca do que se oculta,
Voa emitindo longos chamados, sem respostas...

Desencontrados eternos
Separados pelas casualidades
Da vida , do destino, do momento
Cruel e sem alento.
Vaga sem esperanças.

Quanto resta, nesta solitária angústia
De sentimentos dispersos a cada nova aurora,
Desde a Aurora da vida?
Desprendida, elegida, partida...
Cujos fragmentos guardam as marcas do caminho
Onde são recolhidos . E o que fica ?
Numa manhã qualquer, desolada e fria
Como a tibieza do fio do açoite, que flagela sem pena.
Ou do corte da lâmina do verdugo que decepa, apenas.

Ah! Quanto resta da dor que não mutila mas emudece
Não vê ou esquece a lágrima do que padece
Num momento derradeiro, que nem mesmo
Uma prece,daquelas,das noites de “kermesse”
Em que postavas as mãos ,num pedido vão
Pra que ali sempre permanecesse

São notas que se repetem ,tangidas pelo vento,
Tão distante estão, que mal as ouço,tão dolentes
Num sincronismo de melancolia atroz.
Onde as cordas sonoras se retesam como um algoz
Que decreta os últimos momentos.

E voando em círculos,num olhar derradeiro,
Ele emite seus últimos lamentos...
Numa tristeza levado pelo vento
Enquanto se distancia para sempre...

JATeixeira

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