sábado, 11 de abril de 2009

Parte II Terapia Psico-Odontológica



A lenda de Narciso conta que ele nunca tinha visto sua própria imagem. Um dia, passeando por um bosque, encontrou um lago. Aproximou-se e viu nas águas um jovem belo pelo qual apaixonou-se perdidamente. Mergulhando nas águas, foi ás profundezas à procura do outro, morrendo afogado. Narciso morrera de amor por si mesmo, por sua própria imagem.

Às vezes ,torna-se necessário ,infundir consciência nas pessoas que nos procuram e desejam soluções mágicas para seus problemas que não são de ordem estética ou dental e sim de ordem mental. Faz-se mister que aproveitemos a cadeira reclinada ,embora não tão confortável quanto o divã do psiquiatra, e iniciarmos uma terapia .

Sabemos de alguns colegas que experimentam meios pouco convencionais como tocar violino ou como um certo dermatologista que executa piano, durante as suas sessões de Peeling. O problema encontra-se em estabelecer-se uma proporção adequada das execuções de violino ou piano entre outras estranhas e bizarras paixões que une pacientes e profissionais desse complexo mundo da alma humana.

Conheço um Ortodentista que é amante de Baco, deus do vinho, já pensaram se ele resolve além de aludir ao vinho ,como um enólogo , as suas qualidades peculiares, particulares resolvesse fazer demonstrações práticas e saborear entre um atendimento e outro um beaujolais , Pinot Noir ou um Málaga ,Dizer sobre a propriedades benéficas do vinho tinto e consumir ,em meios as sessões de atendimento ??

Temos um colega de profissão ,JZ,, que estudou em colégio agrícola lá em Veranópolis e é vocacionado a prática agronômica mas, por desvio de rota colidiu com o prédio da Odontologia e acabou sendo tornado Cirurgião-Dentista .Durante os seus atndimentos,ele adora falar sobre aplicação de calcáreo, NPK, entre outros assuntos pertinentes ao mundo agronômico. Fica empolgado quando discorre sobre : como deve proceder-se na análise corretiva do solo, antes de implementar-se um plantio de soja ou milho,curva de nível,etc; Quando começa a falar do estágio que fez em vinícola em Pinto Bandeira ,lá p`rás banda de Bento ,não pára mais .Fala dos tonéis de grápia , ou de carvalho europeu, envelhecendo a bebida,sem interrupções uns dois dias. E quando diz que seu nono(avô) tomava uma bordalesa de vinho (no café !),não podemos rir ;além de mais ele é excessivamente detalhista nas proporções de sua história. Se em alguma dado momento o interlocutor o interromper ,podendo até demorar-se o quanto queira, não importa ele retorna exatamente do ponto em que parou e os referenciais não são alterados. Uma certa ocasião ,saímos lá da serra,(Veranópolis) eu, ele e o NFP;ele começou contar uma história e ,embora algumas interrupções propositais, em 250 km não tinha terminado.

Era esta a história:Ele, JZ,, e alguns outros amigos foram pescar no Rio das Antas, Quando chegaram na casa do caiqueiro ,ouviram dentro da casa choro e ranger de dentes; gritos e estalo de laço .Um colega disse-lhe JZ bate na porta .Ele bateu e ouviu uma voz:

- Espere um pouco!

E mais gritos e gritos ! Uma interrupção e saiu o caiqueiro com a bainha do facão na mão:

- “Buenas Tche,desculpa da demora, mas eu estava alinhando a mulher ! Ela me desobedeceu e tive que colocá-la na linha novamente !

Eles pediram-lhe que os levassem de caíque, rio das antas abaixo, para pescar .Combinaram o preço e foram levados rio abaixo. O caiqueiro demorou o bastante para sair de lá ,já meio bebum ..Eles passaram o dia pescando ,Onde mais bebiam do que pescavam. Já passava da hora combinada para voltarem e o caiqueiro não vinha. Passaram a noite ali em volta da fogueira contando estórias ,onde detalhes é o que não faltavam... Amanheceu o dia e já quase 10 horas da manhã o caiqueiro apareceu todo machucado; rosto marcado de tanto apanhar. Eles quiseram saber o que tinha ocorrido. E ele disse-lhes :

-”Pois olha ,Tche,um homem bêbado não vale nada ! Cheguei em casa bêbado, a mulher me alinhou !

Essa história, segundo ele verídica ,ouvimos a sua narrativa ‘,muito mais recheada de detalhes ,em 250 km ! Agora, imaginem ele contando tal historieta durante os seus atendimentos, sem pressa, sem afobamento e detalhadamente.

Continua...

Um comentário:

Claude Bloc disse...

JAT,

Bastante etílico o texto (risos)...
Tenho acompanhado teus escritos, mas você sumiu...

BOA PÁSCOA!
Abs,
Claude