terça-feira, 24 de maio de 2011

FOLHADOS ZEZÉ


Conhecemos os folhados Zezé desde 1973,quando estudávamos em Pelotas.Muito tempo depois, os encontramos nas prateleiras dos supermercados da cidade que escolhemos para viver,Timbó.Foi como encontrar um amor antigo:surpreso e emudecido,aos poucos aquelas muitas histórias pra compartilhar,reviver...foram sendo acordadas.Todos aqueles trajetos da escola pra casa,com aquelas ruas úmidas e às vezes com geada até dez horas da manhã.,no lado sombreado. Tínhamos as orelhas tão frias, lábios arroxeados, grossos “scarpins” de lã e entrávamos naquela atmosfera de fogão a lenha onde tomávamos uma generosa taça de café com leite e uma bolacha folhada Zezé ou um bolachão “mata-fome”.Ah, já decorreram mais de 30 anos,desde então,mas esses fantasmas ainda povoam as nossas lembranças...


Os folhados são saborosos e desmancham na boca. Eles fabricavam unicamente o folhado salgado,tamanho dessas bolachas “Cream-Cracker”,só que mais encorpado,como se fossem “mil”folhas superpostas.Atualmente diversificaram a produção tem uma biscoito-bolacha meio-a-meio. Metade biscoito doce, metade bolacha salgada. Nos lembra aqueles sequilhos de antigamente feitos de araruta ,da casa da Dona Chiquinha ,nos dias de renovação do Santo,mas isso já uma outra história,quem sabe qualquer uma dia desses contamos aqui. Voltando aos biscoitos Zezé , a massa do biscoito doce folhado é a mesma do salgado,a única diferença é que a parte doce,recoberta com açúcar cristalizado ,tem como oposto a parte salgada.Dando assim um sabor especial do doce e salgado.Como a lima que é doce e amarga ou a laranja que é doce e azeda ,são essas dualidades da vida que nos cerca.Às vezes,mateando de solito, como esses biscoitos e submerjo nas minhas lembranças,e delas afloram causos”interessantes e letárgicos do fundo da alma,daqueles que pouco à pouco vão desapeando,puxam o banco , sentam e começam trabalhar uma palha pra fazer um bom e cheiroso palheiro, com tabaco amarelo de Cachoeirinha,enquanto esperam a vez de matear.Ah! são lembranças tantas que põe o sangue em alvoroço...

Essa historio dos biscoitos Zezé,me fez lembrar um outro “causo” da minha infância.Pois bem,quando criança,o meu pai tinha uma fábrica de bolachas: Lídia e Regalia,eram dois tipos fabricados ali.Eram bolachas salgadas de formato ovalado,de mais ou menos uns 5 cm, que muitas vezes dividia-se em duas,creio que devido ao excesso de calor do forno ou...? Mas afinal,a película superior era muito fina e rompia devido ao encurvamento da bolacha pelo excesso de calor ou sei lá o quê,formando uma pequena concha. O meu pai tinha um tio”Vicente LTeixeira”.A mim,me parecia um homem alto e grande(gordo?)sempre com um casaco de linho(cinza?).Ele era irmão do meu avô,e ali vinha frequentemente tomar café. Ele pegava uma grande Xícara (che sembrava propio un mastello)de café com leite,sentava-se junto do saco de açúcar e enchia aqueles pequenas conchas de açúcar e botava na boca,sempre repetindo:”de amargo basta a vida” e dava uma boa risada.


Mandamos um E-mail aos fabricantes dos biscoitos Zezé sugerindo que o tamanho usado para o "folhado doce" também fosse usado, em um similar salgado. Frequentemente, compramos o folhado salgado, só que devido ao tamanho maior, fragmenta-se muito facilmente. O tamanho do "folhado doce" nos parece um tamanho ideal para ser levado a boca, de uma única vez,sem que caiam migalhas.Nunca obtivemos resposta do E-mail.Quem sabe o setor de produção nem tomou conhecimento dele.Muitas vezes,as secretárias por excesso de “competência e zelo” decidem o que os chefes devem ler ou não, e filtram o que elas acham sem importância ...
JAT

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