segunda-feira, 21 de junho de 2010

Semen est verbum Dei


A semente é a palavra de Deus. A metáfora é usada como a semente pelo semeador.

“Um semeador lançou algumas sementes que caíram pelo caminho, outras sobre as pedras ou entre os espinhos. Apenas algumas sementes caíram em terra boa: pregar é como semear. A metáfora compara a semente à palavra de Deus, o orador ao semeador e os ouvintes ao solo onde deve medrar a semente

O Pe.Antônio Vieira criticava o estilo de muitos pregadores , que pregavam mal, sobre vários assuntos ao mesmo tempo.E embora ineficaz, esse estilo de pregação visava agradar aos homens ao invés de pregar servindo a Deus. Ele aponta a culpa do pregador, considerando cinco pontos :sua pessoa, sua ciência, sua matéria e seu estilo e sua voz como responsáveis pela disseminação da palavras e pela obtenção de sucesso na colheita . Vê-se com relativa frequência pregadores inescrupulosos,egoístas falar em caridade e boa conduta. Outros discorrem sobre ética ,quando são falsos e hipócritas.Falam do amor e da família mas são desrespeitosos com ambos .São palavras ditas, mas sem respaldo algum,talvez até tenham  conteúdo mas,são pobre de exemplos;são unicamente palavra,nada mais.Alguns pregadores transformam o púlpito num teatro,onde encenam,gesticulam,vociferam. Poucos dos ouvintes prestam atenção no que está sendo dito,prendem-se unicamente ao ato cênico e cínico.


Pe.Antônio Vieira se interessava em saber o motivo da pregação estar surtindo pouco efeito entre os que ouvem estas palavras.
- Sendo o poder da palavra de Deus tão eficaz e poderosa, por que vemos tão pouco frutos dessa palavra ? Ele conclui que a culpa é dos próprios pregadores. Eles pregam palavras de Deus, mas não pregam a palavra de Deus, afirma. Ele acusa os que distorcem os textos Bíblicos para defender interesses mundanos , suas próprias causas ou a quem eles servem. Pois, se a palavra de Deus rompe todos os meios e se semeada brota em todos os cantos, a culpa por hoje não estar sendo se desenvolvendo no coração dos homens não é de quem a ouve e sim de quem a dissemina.

 “A pregação em si mesma, deve ter uma única cor, um só objeto, um só assunto, uma só matéria”. É a regra da unidade e da persuasão. E muitas pregações se converteram em comédias e farsas:são encenadas,como num palco. Se por um lado, muitos ouvintes gostam ,compactuam e se sente bem com o que ouve de forma leviana ou em sutilezas mascaradas . A verdade é que, uma boa pregação não é a que eleva o orador ou aquela de gosto morno que não fere, mas as palavras que devem ecoar e permanecer :são aquelas palavras que faz padecer e atormentar de modo a que o ouvinte converta os vícios e pecados da sua vida; converta, a si mesmo, mudando seus hábitos e atitudes. Dessa forma o pregador pode dizer que semeou a palavra de Deus Semen est verbum Dei lançando a semente em solo fértil


Pe Antônio Vieira: ”Sermão da Sexagésima” proferido na Capela real de Lisboa em março de 1655.

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